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O tatu que anda também samba

  • Foto do escritor: Ney Junior
    Ney Junior
  • 26 de out. de 2022
  • 4 min de leitura

Atualizado: 19 de abr. de 2023

A Acadêmicos do Tatuapé, duas vezes campeã do carnaval paulistano, completa 70 anos.

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Abre-alas do carnaval de 2018, o título mais recente do Tatuapé no Grupo Especial. (Foto: SASP)

A Acadêmicos do Tatuapé, que representa não apenas ao seu bairro, mas a uma parte da Zona Leste de São Paulo, completa 70 anos de fundação neste dia 26 de outubro. Embora seus primeiros títulos sejam recentes, sua história é longa nas diversas passarelas do samba paulistano.


Fundada com o nome de Unidos da Vila Santa Isabel, em 1952, por Osvaldo Vilaça, o popular Mala, sobrinho de Mano Décio da Viola, a escola nasceu no bairro que fica na divisa entre o Tatuapé e a Vila Formosa. Em ambos os carnavais, ficou atrás apenas das tradicionais Nenê de Vila Matilde e Unidos do Peruche. No Especial, desfilou de maneira consecutiva até 1975, quando caiu para o Acesso, voltou em 1977 e foi novamente rebaixada.


Mudança de local e os primeiros desfiles

Em 1964, mudou para o nome atual e a quadra foi para a Rua Antônio de Barros, no Tatuapé. No fim dos anos 60, foi duas vezes terceira colocada, em 1969, com Império Tropical, e 1970, com A Cama de Gonçalo. Em ambos os carnavais, ficou atrás apenas das tradicionais Nenê de Vila Matilde e Unidos do Peruche. No Especial, desfilou de maneira consecutiva até 1975, quando caiu para o Acesso, voltou em 1977 e foi novamente rebaixada.


Na década seguinte, muitas dificuldades. Desfilou nos Grupos 1 e 2 da UESP, além do Quarto Grupo, até paralisar as atividades após o 9º lugar, em 1986. Retomou os desfiles oficiais em 1991, quando Roberto Munhoz assume a presidência da agremiação e, entre 1992 e 1996, conquista bons resultados nos Grupos de Seleção e II da UESP, subindo novamente ao Acesso I da mesma entidade. Em 2001, a azul e branco é vice-campeã e sobe ao Grupo de Acesso, logo abaixo do Especial.


Entre oscilações, as voltas ao Especial


Permanece dois anos a disputar com escolas que, até aquele momento, tinham desfilado recentemente o Especial, como Tom Maior, Pérola Negra e Imperador do Ipiranga, além das ascendentes Mancha Verde e Império de Casa Verde. Com o enredo Abram Alas para o Rei Abacaxi", que canta a história do fruto e sua popularidade na cultura, torna-se a campeã e sobe ao Grupo Especial, depois de 35 anos de ausência.


Em 2004, no carnaval alusivo aos 450 anos de São Paulo, canta a história do seu bairro, faz um desfile seguro e conquista o nono lugar, à frente das tradicionais Camisa Verde e Branco, Vai-Vai, da Leandro de Itaquera, da então bicampeã Gaviões da Fiel e da tradicional Unidos do Peruche. Em 2005, com o enredo sobre o Pará, não repete o mesmo sucesso e fica em 13° lugar. Em 2006, já com dificuldades financeiras, faz um desfile valente sobre o Cooperativismo, mas não escapa da queda ao Grupo de Acesso.


Permanece no segundo grupo durante três anos e cai em 2009, quando voltou a cantar seu bairro. Em 2010, com a volta de diretores que permanecem até hoje, como o atual presidente Eduardo dos Santos, Erivelto Coelho e Antonio Castro, a Acadêmicos volta ao Acesso I e recomeça a trilha aos bons momentos.


Em 2012, homenageou a sambista Leci Brandão, que tornou-se madrinha da escola e, no desempate, sobe como vice-campeã e se credencia para retornar ao desfile principal da passarela do Anhembi. No ano seguinte, abre os desfiles do primeiro dia do Especial e canta Beth Carvalho e permanece no Grupo, com o 11º lugar.

Sob as bênçãos de Jorge, o caminho das conquistas


O salto acontece em 2014, com o melhor samba do Especial naquele ano. São Jorge, o santo guerreiro, aclamado pelos católicos e no sincretismo brasileiro, recebe um samba à sua altura, cantado por Vaguinho e Wander Pires. Numa conjunção astral, de canto, alegorias e uma exibição de gala da Bateria Qualidade Especial, encerra os desfiles daquele ano e é apontada como uma das favoritas, mas fica em sexto lugar.


Em 2015, cantando o ouro, estoura o tempo em um minuto e, com a rigorosa punição, acaba em 12° lugar. No ano seguinte, ao encerrar os desfiles da sexta-feira, homenageia a Beija-Flor de Nilópolis nos 40 anos do primeiro título da mesma, e sobe mais degraus. Com um desfile sólido e mostrando-se preparada, acaba como vice-campeã, atrás apenas do Império de Casa Verde.


Manteve sua equipe para 2017 e conquistou o seu primeiro título, ao bater e a Dragões da Real, no desempate em samba-enredo (no qual o da sua adversária era considerada uma das melhores). Explosão de alegria pela primeira conquista em 65 anos de lutas pela cultura popular. Repetiu a dose, em 2018, ao cantar a história e a cultura do Maranhão. Entre 2019 e 2022, fez desfiles sempre cotados ao título ou a posições de destaque, apesar de problemas com Alegorias e Evolução, como em 2022.

Comemorar sete décadas, além de orgulhar sua comunidade, faz a azul e branco, com o agogô na bandeira, ressaltar sua tradição, de não se curvar às dificuldades, sejam elas financeiras ou durante os desfiles. Com a gestão renovada há quase uma década, o Tatuapé firma-se como uma das mais esperadas escolas no desfile principal do Carnaval Paulistano.



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